Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009

One trick pony

A grande maioria dos sucessos de internet são verdadeiros acidentes de percurso, irrepetíveis e não planeados. São verdadeiros Susan Boyles.

 

Quantas mulheres feias há no mundo? Quantas dessas sabem cantar? Quantas foram o filme mais visto do youtube? Curiosamente a estatística demonstra que o efeito um num milhão não é ser uma susan boyle, é ter o efeito Susan Boyle. Explicando, é mais provável uma qualquer pessoa ter um talento especial do que será provável esse talento ser o alvo de uma atenção mediática avassaladora. Aquilo que torna Susan Boyle especial não é ser feia como um mocho e cantar como um rouxinol, é ser um fenómeno mediático.

 

Nos negócios Web assiste-se a um efeito semelhante. O twitter, o facebook, o Google, o Skype, o Ebay e tantos outros fenómenos, devem mais à sorte de serem escolhidos pelas massas, do que à destreza do seu talento para criar aplicações online. Pelo menos é aquilo que se pode compreender das decisões tomadas pelos seus criadores.

 

Estas mega-aplicações são espantosamente bem sucedidas não porque os seus criadores sejam especiais visionários, mas porque tiveram a sorte de estar no lugar certo na hora certa, ainda que ninguém saiba o que isso quer dizer. A demonstrar que é assim está aí o efeito do one-trick-pony.

 

É curioso verificar como os criadores destes fenómenos passam o resto das suas vidas a desperdiçar fortunas em projectos sem sucesso, nem impacto. Como o Froogle.

 

É curioso verificar como estas aplicações fenomenais são muitas vezes bem sucedidas longe dos planos iniciais dos seus fundadores. O facebook tem muito pouco a ver com fotografias e o Twitter mal circula por sms

 

É curioso verificar que a criação de Susan Boyles não é uma ciência, o que coloca as pessoas no centro destes processos num encruzilhada difícil de decifrar. Espera-se que saibam exactamente o que fizeram para ali chegar e o repitam com o mesmo toque de génio vezes sem conta. No entanto, também se espera que aquilo que produzem seja único e irrepetível.

 

Naturalmente que o espantosamente irrepetível não acontece muitas vezes e a probabilidade de se repetir é menor do que sair do nada. Ou seja, a probabilidade de qualquer um destes criadores de fenómenos globais repetir a proeza é senão menor pelo menos a mesma do que a probabilidade de qualquer outro empreendedor ter o seu golpe de sorte.

 

A sorte é assim mesmo, madrasta. Tal como no século passado houve quem tivesse a sorte de criar mega marcas do nada, neste século alguns terão a sorte de criarem impérios que redefinem a sociedade. Mas porque se trata de sorte, para o resto do mundo é melhor não apostarem o dinheiro da sua reforma nessa lotaria.

publicado por Consumering às 19:18
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